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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

CAMISAS RETRÔ. RETRÔ?

De uns tempos pra cá, uma onda saudosista invadiu o mundo das camisas de futebol: são as famosas camisas "retrô". Camisas que marcaram época ou que vestiram equipes na conquista dos seus principais títulos são relançadas nos dias atuais, ora mantendo a mesma qualidade do material da época, ora modernizadas com a tecnologia atual mas com os traços que lhe fizeram famosas Brasil (ou mundo) afora.
Eu, por exemplo, tenho visto uma série de lançamentos dessas camisas chamadas "retrô" de diversos times do Brasil e do exterior. Algumas são verdadeiras pérolas, como a do Liverpool, que vi na Centauro este fim de semana. A coleção do Internacional-RS , assim como a do São Paulo, ambas da Reebok, está tão linda, que nao ficaria feio usá-la para ir a uma festa (percebam na camisa do São Paulo o esmero no tecido amarelado, pra dar um aspecto "envelhecido", deixando-a mais paracida com a da época).
O Bahia, é claro, não poderia ficar fora dessa moda. Começou extra-oficialmente com uma ou outra confecção independente fazendo camisas por conta própria, à revelia do clube (exemplos aqui e aqui ), algumas delas tão mal feitas que em quase nada lembram as camisas aludidas (percebam nos links anteriores o logo da Adidas em azul, sendo que na época era vermelho). Depois de algum tempo, o time se rendeu ao modismo e lançou recentemente sua coleção retrô. Nada melhor, então, que comemorar os títulos de 59 e 88. Pra começar, fizeram campanha no site do tricolor pedindo que os torcedores cedessem camisas da época para servirem de modelo. Como assim? O Bahia não tem camisas da época no seu acervo? Não há fotografias da época para que se copie o modelo? Péssimo começo. Depois de muita demora, saem as duas camisas quase simultaneamente e... decepção!!! Pra começar, falarei da mais "defeituosa": a de 88. Imperdoável o fato de estaparem uma estrela sobre o escudo. Gostaria que alguém me dissesse quando foi que o Bahia jogou com uniforme com uma estrela no peito. O título da Taça Brasil de 59 passou a ser aludido na camisa somente após a conquista do Brasileirão de 88, quando passaram a estampar DUAS estrelas. Nem a CBF reconhece esses títulos da Taça Brasil como equivalentes ao Campeonato Brasileiro, o que eu acho um equívoco, pois esse era o campeonato mais importante da época e classificava para a Libertadores... Mas essa é outra discussão. Outra coisa: a camisa da época era da Adidas. Se não pode se fazer um acordo para que esta fabrique a camisa retrô da marca, se não dá para colocar as três listras características da marca, então não coloque nenhuma. Agora, colocar duas listras? A emenda saiu pior que o soneto... Para concluir, cadê o Coca-Cola? O Bahia de 88 usou a marca em todas as partidas. Também não gosto de nomes enormes no meio da camisa do meu time, mas já que tinha na época, porque não colocar agora??? A camisa do Liverpool, a qual me referi no começo do post, tem o patrocínio da época e não o atual. Perfeita. O Palmeiras, pra citar um exemplo doméstico, também lançou recentemente sua camisa retrô e fez uso do antigo patrocinador da época. O Bahia não poderia fazer o mesmo???

Com relação a de 1959, poucos defeitos perceptíveis. Essa, só vi em foto, mas já dá para perceber duas falhas: primeiramente, a gola, que nessa reedição virou polo. Não era assim na época. Era em "V", com gola pontuda e grande para os padrões de hoje. Mas, se vamos reeditar a daquele tempo, tentemos fazer o mais próximo possivel. A segunda falha: o Bahia não usava escudo naquela época!!! Porque a retrô tem escudo??? Aliás, em 1959 e até algum tempo depois, o uniforme do Bahia era camisa branca ou tricolor, calção azul com faixa de tecido amarrada ou costurada na cintura e meião CINZA. Isso mesmo, cinza...

Ademais, é o seguinte: o tecido é bacana (a de 59, inclusive, parece "lavada", para dar impressão de desgaste do material), parecido com o da época mas com acabamento bem mais caprichado. A intenção vale bastante, já que o Bahia tem que lançar mão de tudo que for possível para vender sua marca e lucrar com isso. Só falta ter voz um pouco mais ativa nessas "jogadas" de marketing para que seus símbolos e sua história não sejam maltratados pela modernidade.


(Texto com a colaboração de Arilde Junior)


Camisa retrô de 88: uma estrela? Duas listras? Deprimente.





Camisa retrô 59: a original não tinha escudo e a gola era maior

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

2005: A chegada da Diadora



2005 foi um ano um tanto quanto conturbado no Bahia no que diz respeito a uniformes. Pra começar, o contrato com a Penalty tinha terminado no final do ano anterior e, como o time não fechou de imediato com uma nova fornecedora, teve que jogar o campeonato baiano com restos de material do ano anterior. Assim sendo, era comum ver o Bahia jogando com camisas desbotadas, patrocínios aplicados grosseiramente na camisa, apliques e numeração soltando no meio do jogo, etc. Um verdadeiro lixo. E lembrando que esses “restos” ainda tinham que ser divididos com todas as categorias de base.Ou seja, caos geral.

Depois de alguma negociação, o Bahia fecharia contrato com a Rhumell, que voltava ao clube depois de 10 anos (já tinha patrocinado o clube em 94/95, usando tanto o nome Rhumell quanto o de suas subsidiárias Amddma e Proonze). Quando tudo parecia resolvido e finalmente o Bahia teria roupa nova em 2005, o clube rompe unilateralmente o contrato com a empresa (que já praticamente falida, respondia a processos judiciais diversos) por uma razão aparentementemente banal: a empresa errou o tom de azul da camisa do Bahia. Na mesma época, ela já havia cometido erros crassos em outros clubes, como por exemplo no Joinville, onde ela forneceu um lote inteiro de camisas com o nome do clube escrito de maneira errada (Joenville, com “E” mesmo). Tamanha incompetência foi a gota d´água.

O clube voltou ao mercado e rapidamente fechou com a multinacional italiana Diadora, num contrato de 3 anos. A decisão parece ter sido acertada, pois as camisas viriam com um material de melhor qualidade, com design italiano atualizado com o que era fornecido na Europa e com a chancela de uma empresa de nível mundial, que fornecia pra vários times e seleções de renome ao redor do mundo. Porém isso tudo viria a ter um preço: a padronização da camisa de acordo com o lay-out mundial da marca. O Bahia perderia a exclusividade de ter camisas especialmente desenhadas para si, como era na época da Penalty. Passaria a ser apenas “mais um” no cast da Diadora. Se você quisese, por exemplo, saber como seria a camisa do Bahia pra determinada temporada, bastava olhar a camisa da Roma, sempre lançada na Europa alguns meses antes: a camisa seria igual, mudando apenas as cores e patrocinadores. Como também seria igual à camisa do Santo André, do Palmeiras, do Cobreloa, do El Nacional do Equador, dentre outros.

Seguindo essa linha, a camisa branca veio no padrão Diadora: tecido mais elástico, no estilo “kombat” (colado ao corpo, pra dificultar a puxada de camisa por parte dos adversários), duas faixas azul e vermelha que saiam do pescoço em direção à axila direita e o símbolo “One of Eleven” na manga, padrão de identificação da empresa (que na camisa do Palmeiras mudava de cor conforme aumentava a temperatura do corpo... tecnologia esquecida na camisa do Bahia). E, pra completar, o tosco patrocínio Muriel, que já vinha sendo usado desde o começo do ano nos molambos da Penalty, junto com o logo da Fiat nas mangas. De um modo geral, o conjunto não era nenhum primor de beleza, mas era harmonioso e não comprometeu a estética. No uniforme 2, nada empolgante: camisa, sem sal, tinha muito branco “sobrando” (tradicionalmente, nas camisas 2 do Bahia o branco é só um detalhe) e na parte listrada, que realmente era o que interessava, listras azuis e vermelhas coladas... sem o branco! Ou seja, totalmente “nada a ver” com a tradição de camisas listradas do Bahia (tudo bem, a Diadora não foi a primeira nem seria a última a cometer esse sacrilégio).

O resultado é o que pode ser visto nas fotos acima e abaixo. Em campo, a camisa não trouxe muita sorte ao tricolor: mais uma vez, como já estava tornando-se praxe, sem título no campeonato baiano, péssima campanha na Copa do Brasil e queda para a Série C do Campeonato Brasleiro.

A Diadora chegava com o pé esquerdo ao Bahia.

Evento de lançamento dos novos uniformes Diadora


Artilheiro Dill vestindo a camisa branca em 2005


Uniforme 2 em ação pela Série B de 2005


Uéslei vestindo a camisa branca em sua apresentação

Acima, a camisa da Rhumell que seria usada caso o contrato não fosse rompido